Corpo de S.Paulo


Ruas do centro de São Paulo
República
Viaduto do Chá
Rua da Quitanda
15 de Novembro
Anhangabaú
Teatro Municipal
Corpos que se vendem embaixo da ponte
Mendigos por toda parte deitados na calçada
Mendigos nas esquinas formadas no Largo do Arouche
E o Colégio São Bento...
Um cheiro de mofo dentro do Edifício Conde Matarazzo
Elevadores dentro do estômago
Um movimento intenso nos escritórios de cobrança
Um movimento intenso dos terminais de ônibus
O desumano espelhado nos carros
A ficção do anonimato com destino
Destino apagado nos túneis do metrô
Vozes de oração do falso pastor
Encenação da vida (?)
Ferrugens nos ferros do bueiro
E um homem desce a escada rolante com apenas uma das pernas
E uma jovem sentada na mureta da praça espera
De onde vieram?
Para onde foram?
Ambos à venda ?
Enterram-se as flores com prédios inteiros demolidos
Mendigos que forram o chão das ruas
E os carros valem mais que todos esses corpos nas avenidas
E os carros valem mais que todos esses corpos nas avenidas
E os carros valem mais que todos esses corpos nas avenidas






Edemir  Fernandes Bagon

Comentários

  1. Muita sensibilidade... Fico me perguntando também até onde vai nosso descaso, nossa descrença, nosso descaramento?

    Somos humanos vendo humanos virando bichos, tirando todo sopro de vida dentro de si e mesmo vendo, não sentimos, não ajudamos, não viramos amor, ajuda, compaixão...

    É dificil e utópico achar que um único ser resolverá tudo... A aí? ficamos assistindo como um seriado de tv que longamente é visto, com repetições, sem cortes, como uma vida paralela...

    Parabéns pelo poema, muito lindo !

    Bj, Le.

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