Tear




Aquele homem se arrastava na calçada da Avenida Paulista.
Pernas inválidas. Um cartaz sustentado no pescoço.
Dezenas de pessoas se desviavam do seu corpo  a todo instante.
Perto dele uma banca de jornal e uma estação de metrô.
Treze graus indicados no termômetro.
Um frio inválido lhe tocava os membros superiores.
As mãos seguravam uma cesta transparente.
Algumas moedas lhe eram jogadas.
Um velho se aproximara dizendo algumas palavras.
Um sorriso nasceu. E rugas se fizeram nos cantos dos seus olhos.
Seu espírito sentia a chuva fina e cinza.
Seus pés sujos colocados em cima de um papelão molhado.
Os sons dos carros.
Os escarros deixados a seu lado.
O tear do tempo e o desespero de ser no mundo.


edemir fernandes bagon

Comentários

  1. O mundo pode ser mais cruel do que parece... bom dia!

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  2. Olá Edemir! Seu post nos remete à reflexão social, tantas pessoas consomem suas vidas nas ruas, sem destino, sem esperança... Poeta, um lindo final de semana!

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  3. Maravilhoso,...amei!


    Parabéns pelo trabalho.
    Sinval

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  4. Olá!! Gostei do que li,bonitas palavras,mas lá no fundo,é bem triste. Deus queira que a vida te traga imensas alegrias. Beijinhos e fica com deus!! http://mafaldinhaarte.blogspot.pt

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  5. Muito bom o texto, parabéns.
    Uma iluminada semana a você.
    Um grande abraço!

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