Lírios
E foi assim que Fergus deixou o passado
num quadro de sua vida.
Recolheu todos os seus mais sagrados
caprichos escritos em suas memórias.
Desfolhou seu olhar no chão em que caminhava
e esperou placidamente pelo futuro.
Feliz por não ter que pensar em mais
nada.
Livre por não sentir, também.
Seguiu os conselhos dos sinos espelhados nas ruas.
Seguiu os conselhos dos sinos espelhados nas ruas.
Quis ser ele mesmo um arcanjo.
Desenhava as coisas da terra no céu feito
de barro.
Construía barcos com linhas e anzol.
Ceifava o trigo de suas angústias.
Ceifava o trigo de suas angústias.
Uma noite, porém, andou pelos trilhos
d'água.
Dançou no meio de um vórtice pintado com a fúria e o ódio dos olhos.
Dançou no meio de um vórtice pintado com a fúria e o ódio dos olhos.
Deixou que a fome de ser lhe tocasse cítara.
Engoliu seu ego no meio do deserto.
Serpenteou o mistério proibido sem vida.
E descansou sozinho bem perto dos lírios.
E descansou sozinho bem perto dos lírios.
Edemir Fernandes Bagon
Feliz por não pensar em nada... todo queremos um pouco dessa dose.
ResponderExcluirÉ tão difícil, Poeta da Colina.
ExcluirExtremamente...
E se tornou num arcanjo
ResponderExcluire depois deixou de ser Nada
e passou a ser o Tudo e o Todo!
Bela transformação!
Maria Luísa Adães (os7degraus)
Bela transformação...
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