Geisha


Das retinas quisera apenas ter o vermelho do sol nascente. O arquétipo escorpiano delineado no corpo em transe. A porta entreaberta. O desejo de permanecer ali para sempre, de retirar o laço e desvendar a alma a partir dos cabelos que deslizavam num lápis. 

Um toque na luz da parede do céu. Um gemido dentro do silêncio abocanhado (como se fosse possível  ver o que havia no lado de fora da carne doce e macia). 

Tudo  vertido: a boca noutra boca molhada; os seios de uma geisha tocados num templo de Buda; o dorso claro como um espelho d'água (onde Narciso  não ouve, mas ecoa). 

Os sinais de pele emaranhados. O caminho das flores. As cadeiras de vime. O lago dos peixes. Os saltos pretos abertos no eclipse da cama. 

《Atravessa o destino, com a astúcia do tempo,  o que procura alma.》


Edemir Fernandes Bagon



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