II Reis
Não gosto de ir em busca das origens das coisas. Como posso partir para o ponto inicial de tudo se fico sempre no meio do nada? Sei que o caminho é apenas a imagem daquilo que não é mais. Já não é um grito de dor, porque se tornara canto (não estando mais presente). A imagem rasga o instante. Sinceramente, ele não me pertence. Não o vejo como um herói.
Deus é o instante das coisas ausentes. E essas coisas ficam em mim por um longo tempo até que tudo se desfigure e venha a se tornar um trágico riso. De modo que o eu [a consciência de si] transfigura-se em sonho - senhor da infinitude. Nele vive a verdadeira imagem do homem cuja origem é a perfeição imaculada.
Deus é um sonho profundo do homem. O instante de toda a busca. O sonho que transcende a morte (pôr-do-sol). Breve e triste a cantiga. A música não existirá enquanto estiver dormindo o ser. A libido, a volúpia e eros caminham na linha em espiral. Nenhuma origem.
A existência é um símbolo de amor tangente da canção ímpar e a versão mais figurativa da humana unidade solipsista. Bioencarnação do espírito? Fria e sangrenta origem que não procuro. Mas isso não basta apenas. É preciso fugir e contemplar o pôr-do-sol antes que sejam abertas as janelas.
Edemir Fernandes Bagon
Lendo este seu texto lembrei que ainda ontem eu procurava a origem de certas coisas sem obter nenhuma resposta.
ResponderExcluirEncontrar a si próprio já é tarefa árdua e geralmente sem sucesso.
Estou com saudades dos seus escritos.
ResponderExcluirBeijO