Desenhos
desenlaçado do instante do medo
de tempos em tempos
nasce o amor
nasce o amor
como se fosse flores no mundo
de tempos em tempos me vem a saudade
como se fosse ventos por sobre as colinas
de tempos em tempos
me reconheço pleno nos caminhos da vida
que se desfazem aos poucos
foi o tempo desenhado no interior do quarto escuro?
que se desfazem aos poucos
foi o tempo desenhado no interior do quarto escuro?
o exterior nada sente com a ausência?
o exterior é um sorriso infantil quase sempre?
importa é o que está aqui dentro do meu coração modelado
feito argila em mãos de artesão
meu coração é a imagem do artesanato de minha alma
alma em forma de cerâmica antiga
descoberta por efeitos de luz
artesanato autônomo
colocado em minha mesa de dentro
de tempos em tempos
retiro a toalha colocada sobre o coração pelo esquecimento
e as imagens vão se transfigurando em pele diante dos meus olhos
de tempos em tempos
no mundo procuro o escuro
sem ao menos me recordar do que fui ou do que seria
me vejo longe e tão longe
que estranho qualquer história na qual me reconheça
pois sempre quis ser apenas um título sem corpo ou apenas um
texto escrito no vitral de uma igreja
de tempos em tempos eu me esqueço.
Edemir Fernandes Bagon
De tempos em tempos, quero viver, quero saber, quero mais e mais...
ResponderExcluirDe tempos em tempos, o vazio me basta, a solidão preenche meus espaços, o medo me domina e somente isso.
De tempos em tempos queria reviver horas passadas e morar nelas para sempre, mas se tornando assim presente, me desprendo de tal insanidade com sede de minutos atrasados.
De tempos em tempos quero somente o tempo que escorrega nos meus dedos e não me deixa o controlar, então sempre de tempos em tempos me vejo em reflexões que não me levam a lugar algum e sim apenas a perceber que aqui dentro, nessa mesa [linda colocação] existe um copo de água derramado e a muito esquecido e, sem calor [a muito não se vê em meu corpo] não faz com que tal evapore, logo coração molhado de lágrimas fica sobreposto sobre a mesa o deixando sempre mais triste do que foi um dia.
De tempos em tempos minha alma sai de meu corpo e viaja por aí sem rumo e encontra almas iluminadas que revigoram a dimensão.
Então de tempos em tempos acordo e percebo que tudo foi tão surreal que não posso pensar que não existiu mesmo sabendo ao fundo que sempre existirá...
Edemir, lindo texto mesmo, de todos aqui postado (cada qual com sua beleza) esse é disparado até agora o que mais gostei !
Beijos Le.