Os Mendigos da Praça da Sé
Um cheiro de repolho podre encarnado em suas roupas e corpos. Mãos grudentas e unhas e bocas imundas. Ela servia-lhe água num copo de plástico encontrado no chão.
Subserviente, a mulher lhe trouxera o líquido como se fosse aquele homem um imperador da praça da Sé. Ficou ao lado de seu senhor que bebia a água da fonte do banheiro público. Este, num gesto de nobreza, deu à mulher o resto d'água. E, então, seus olhos contemplaram juntos o que era o mundo.
A mulher se deitou na praça como a musa árcade de um livro de Bocage. Bebeu também da límpida água com gosto soberano. Diante da estátua do apóstolo Paulo, num abraço de mesma natureza, encontraram-se. E uniram suas línguas num quase silenciamento de amor.
Edemir Fernandes Bagon
E às vezes é preciso tão pouco para ser feliz!!!
ResponderExcluirEles não conhecem outra vida
ResponderExcluirE procuram ser felizes
Na infelicidade constante
dessa mesma vida.
Maria Luísa