Sobre Dilma Rousseff, a Abertura da Copa e a Educação
Sinceramente, xingar uma mulher
ao lado de sua filha num estádio de futebol é de uma estupidez imensurável. Infelizmente,
a presidente Dilma Rousseff sentiu um pouco daquilo que incontáveis professoras
da rede pública estadual (e, também, professores) sofrem em sala de aula. De
fato, existe a crise política e as pendências necessariamente devem ser
dirimidas. Creio eu, no entanto, que a crise maior está no campo da ética
moral.
Nesse sentido, ainda que as falhas grotescas das atividades políticas corroborem para a insatisfação de boa parte da sociedade, o respeito à dignidade humana deve ser o princípio das ações dos sujeitos sociais. Se assim não o for, povo e classe política terminam por formar um grupo singularizado não pela virtude, mas sim, pela violência e pelo descaso. Alguém dirá ser legitima a liberdade de expressão do povo. Concordo, claro. Mas não é legítimo o aviltamento do ser humano.
Outros dirão ser a exploração do homem exatamente aquilo que a classe política faz com o povo. Nesse caso, porém, se pensarmos na democracia enquanto poder político, poderíamos fazer a seguinte pergunta: quem é o eleitor do representante político? Esta seria a questão fundamental a meu ver, mas a maioria do povo brasileiro acaba se esquecendo de que é ela que define seu futuro nas urnas eleitorais!
Pois bem, a transformação das
mentalidades e dos comportamentos humanos quase sempre é atribuída à educação escolar
sistematizada. Todavia a escola, hoje, apresenta tantas semelhanças com um
estádio de futebol, tantas... que não
tenho medo de dizer que uma parte dos educadores e das educadoras preferiria
ficar em suas casas para ter respeito e dignidade. Obviamente, não é um desejo
deliberado, e sim, um distúrbio sintomático de uma vida profissional pouco
valorizada.
Depois dessa péssima experiência
vivida na abertura da Copa, a presidente Dilma e toda a classe política
deveriam repensar o modelo educacional brasileiro. Reitero, todavia, meu
repúdio ao modo como foi tratada. Reitero que educadoras e educadores são
muitas vezes ofendidos assim em sala de aula. Reitero que povo e classe política
terminam sendo um corpo singular e uno, mas sem consciência reflexiva num
contexto como esse.
Portanto, é preciso dizer que a “política do pão e do circo” deve ser revista e, sobretudo, repudiada. Além disso, o comportamento dos sujeitos sociais não deve, numa democracia (ainda que no papel), corresponder a uma ação teatralizada, desmedida e jocosa – sem objetivo nenhum, senão o de ferir a dignidade humana. Na maioria das vezes, os fins não justificam os meios. Educar é preciso.
Portanto, é preciso dizer que a “política do pão e do circo” deve ser revista e, sobretudo, repudiada. Além disso, o comportamento dos sujeitos sociais não deve, numa democracia (ainda que no papel), corresponder a uma ação teatralizada, desmedida e jocosa – sem objetivo nenhum, senão o de ferir a dignidade humana. Na maioria das vezes, os fins não justificam os meios. Educar é preciso.
Edemir
Fernandes Bagon
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