Fac-símile



o que sinto
é verdadeiramente esse descontentamento 
entre a vontade de ter sido o que nunca fui
e o desespero de ter-me tornado um fac-símile 

por onde vou 
me encontro em partes
e a cada desencontro
deixo que meus olhos inventem  ou reinventem os sentidos da vida

minha ausência vai assim escrevendo cartas anônimas 

minhas horas vão depois perdendo as forças 
esperando o eterno que não vem
meus escombros são jogados no mundo 
porque pouco é o tempo de voltar 

minhas mãos procuram tocar o que o céu esconde


Edemir Fernandes Bagon


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