Sobre a transferência de mais de 1 milhão de alunos das escolas do Estado de São Paulo


Lamentável é a maneira como a Secretaria da Educação entende os problemas relacionados à aprendizagem dos alunos. Para ela, o que determina o desenvolvimento de habilidades e competências é o espaço físico onde o aluno permanecerá por algumas horas do dia. Por essa razão, propõe-se que sejam transferidos os educandos de um lugar para outro, conforme sua idade e ciclo de ensino. 

Triste mesmo é reconhecer a inoperância do Estado em promover uma política na qual o professor seja valorizado por meio de salários dignos, de um plano de carreira que o estimule a permanecer em sala de aula e que essa mesma sala de aula tenha, no máximo, 25 alunos exercendo seu direito subjetivo de aprender. 


Vejo, com imenso pesar, o descaso do governo estadual para com aquelas mães que exercem jornadas duplas de trabalho, e portanto, sofrem demais para acompanhar a vida escolar dos filhos quando estes estudam em turnos diferentes ou tipos de ensino (fundamental ou médio). Como farão para zelar pela educação dos seus filhos, se eles estiverem em duas escolas, por exemplo? E aquele professor que completa sua jornada, na mesma escola, terá que se desdobrar também para lecionar nas unidades onde a Secretaria da Educação determinar/impor a oferta dos ciclos de ensino? 


Caros Governador e Secretário da Educação, deveriam vir e ver como os professores, as mães, os pais/responsáveis e alunos vivem nas regiões mais carentes do Estado de São Paulo para entender que os índices de qualidade de ensino e aprendizagem não chegarão a níveis de excelência pela imposição de um projeto sem nenhuma natureza democrática e que visa apenas cortar investimentos significativos por meio de uma estratégia neoliberal bastante conhecida: "amontoar" as crianças e os adolescentes em estabelecimentos de ensino padronizados e massificados. 

O Brasil é o país do futuro do pretérito...




Edemir Fernandes Bagon


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